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Piauienses são resgatados em situação de trabalho escravo em São Paulo.

No início deste ano, houveram denúncias de situação de trabalho análogo à escravidão em São Paulo. As seis vítimas eram de Barras, município do Piauí, e sofreram atraso de pagamento, más condições de alojamento e até mesmo ameaças de morte.  

No dia 11 de março, em um período de menos de dois meses após a última denúncia, descobre-se mais um caso. Coincidência ou não, os trabalhadores também são piauienses de Barras, e atuam nas obras da Escola de Ensino Fundamental Cortegaça, localizada no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, cuja responsabilidade é da prefeitura e empreiteira contratada Kallas Engenharia.  

A princípio eram nove os funcionários vindos de Barras. Um deles, Paulo Ricardo Neto da Silva, de 30 anos, adoeceu e foi mandado ao Piauí pelo gato – atravessador que faz a contratação de forma fraudulenta para as empresas – da empreiteira subcontratada para a obra. O pedreiro foi despachado na rodoviária sem nenhum tipo de encaminhamento médico e sem sua carteira profissional. O outro, Francisco Gama de Lima, de 26 anos, decidiu ir embora após 15 dias de trabalho.

Todos trabalham sem registro na carteira profissional, sem direitos recolhidos, e a maioria chegou a São Paulo no dia 25 de janeiro.   Depois de um mês de contato com a Superintendência Regional do Trabalho (SRT), após 1h30 de espera por atendimento dos auditores da pasta, o membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas que acompanha o caso, Atnágoras Lopes, foi informado de que os fiscais não o receberiam naquele momento, embora estivesse com fotos, áudio de uma entrevista de 30 minutos feita com os trabalhadores, e um vídeo entregue por eles que mostra a precariedade do cômodo que abrigava sete dos nove funcionários.  

“Nós só queremos voltar ao Piauí, receber nossos direitos e poder estar em segurança. Tem um rapaz que pega carona com o gato todo dia para ir à obra. Ele mostra a pistola embaixo do banco e diz que usa a arma para resolver os problemas mais arriscados. Quando pedimos folga, ele diz ‘só vai descansar quando morrer’”, diz Antônio Francisco do Nascimento, um dos pedreiros da obra.  

O vídeo entregue pelos operários mostra um cômodo de menos de 4mx4m, com os alimentos estocados no chão, abaixo da pia, próximo a um banheiro improvisado. O local não possui cozinha.   No dia seguinte a visita na SRT, Atnágoras enviou ofício com os materiais recolhidos para a denúncia, e até a tarde desta quarta-feira (26) a secretaria não respondeu ao pedido de flagrante.  

Diante da omissão dos órgãos competentes, e da pressão dos trabalhadores que relataram ameaças de morte, na manhã de hoje (26) a CSP-Conlutas organizou o resgate dos sete operários e deve encaminhar o caso a Delegacia de Crimes Raciais e de Intolerância (Decradi) para registro de Boletim de Ocorrência.  

Neste momento, eles estão sendo ouvidos pela Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes contra a Liberdade Pessoal e, após as primeiras medidas de urgência, a denúncia deve voltar aos órgãos trabalhistas responsáveis, e uma nova conversa deve ser agendada na SRT. 

Fonte: Site CSP Conlutas

FOTOS:

                  

 

 

 

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