São Luis faz 404 anos. Conheça um pouco da sua história de fundação
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Por muitos anos, o Norte do Brasil foi ignorado pela Coroa Portuguesa. São Luís, então, passou a ser abrigo de piratas e tornou-se cobiçada pelos franceses, que já tinham interesse de fixar por essas terras uma colônia. Em 19 de março de 1612, uma expedição saiu do Porto de Cancale, na França, para cruzar o Atlântico e chegar à Baía de São Marcos, com a perspectiva de conquistar o Golfo do Maranhão e instalar a França Equinocial.
No comando, Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, associado a François de Razilly, senhor de Razilly, a Aunelles – ajudante de ordens do Rei Henrique IV, gentil homem de sua câmara, aparentado com o cardeal Richelieu –, a Nicolas de Harlay, senhor de Sancy, e ao Barão de Molle e Gros-Bois, membro do Parlamento e do Conselho do Rei. Com eles, uma caravana de 500 homens que chegou à nova terra em três grandes naus. Para eles, o local era estratégico para o comércio marítimo.
“Nada há aí de comparável à beleza e às delícias desta terra, bem como a fecundidade e abundância em tudo o que o homem possa imaginar”. Estas são palavras do frade capuchinho Claude d’Abbeville em História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas, publicado em 1614 e traduzido por Sérgio Milliet, em que faz uma relevante descrição sobre a fundação da cidade, onde esteve presente.
Chegada – Os franceses chegaram à Ilha de Upaon-Açu (Ilha Grande), assim denominada pelos índios que a habitavam,em 12 de agosto de 1612. Ignorando os índios que já habitavam a região, convencionou-se que a fundação aconteceu em 8 de setembro daquele ano, data consagrada à Santíssima e Imaculada Virgem Maria.
O marco deste momento foi a implantação de uma grande cruz, seguida por missa e procissão. O símbolo católico foi erguido em frente à fortificação nos arredores em que a cidade deveria se expandir.O forte em questão é de Saint-Louis, em homenagem ao rei-menino Luís XIII. A denominação, com o tempo, se estenderia à povoação e a toda Ilha. “Erguida a cruz […] foi também benzida a Ilha, enquanto dos fortes e dos navios muitos canhonaços se disparavam em sinal de regozijo”, narra Claude d’Abbeville.
Um dos objetivos do empreendimento era estabelecer uma colônia católica na América do Sul. Para a Igreja, a descoberta do novo mundo acarretava a necessidade de catequizar os índios. As informações históricas contidas no livro de Claude d’Abbeville afirmam que os tupinambás interessaram-se pela religião recém apresentada.
A retomada portuguesa – Em 1614, uma expedição militar portuguesa, que a história batizou de Jornada Milagrosa, expulsou os franceses do Maranhão. O comandante Jerônimo de Albuquerque se fixou na foz do Munim, onde levantou o forte de Santa Maria, no sítio de Guaxenduba. Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, ataca o forte no dia 19 de novembro, mas foi derrotado no combate.
A Batalha de Guaxenduba foi um importante passo dado pelos portugueses para a expulsão definitiva dos franceses do Maranhão. No livro História da Companhia de Jesus na Extinta Província do Maranhão e Pará, de 1759, o padre José de Moraes relata a aparição de Nossa Senhora da Vitória para intervir pelo lado português. A santa teria transformando areia em pólvora e seixos em projéteis.
A presença holandesa – Em 1641, uma esquadra holandesa, sob as ordens do almirante Jean Cornelizoon Lichardt, trazendo 2 mil homens de armas,saqueou a vila, fazendo prisioneiro o governador Bento Maciel. Os holandeses pretendiam expandir a indústria açucareira,obtendo novas áreas de produção de cana-de-açúcar no interior da capitania, como já haviam feito em outras cidades pelo Nordeste.
Os holandeses foram expulsos de São Luís pelos portugueses em 1644. Os colonos eram liderados por Antônio Teixeira de Melo, que sucedera Antônio Muniz Barreiros no comando da resistência aos invasores. Para impedir novas invasões, o governo da colônia decidiu fundar o estado do Grão-Pará e Maranhão, independente do resto do país, garantindo a colonização.
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Após expulsão dos franceses, o forte de Saint-Louis teve o nome mudado para São Phelippe, em homenagem ao monarca reinante em Portugal. A povoação, no entanto, continuou denominada São Luís.
Fonte: Passeio Urbano